Um perfil noticioso do Facebook circulou boato de que a mulher sequestrava crianças na região para praticar rituais, segundo advogado da família
Mulher agredida no sábado pelos moradores do bairro, após suspeita de prática de magia negra em Guarujá, morreu na manhã desta segunda-feira (Reprodução)
Morreu na manhã desta segunda-feira a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, que foi amarrada e espancada por um grupo de pessoas na periferia de Guarujá, na Baixada Santista, no sábado. Fabiane não resistiu aos inúmeros golpes desferidos durante o linchamento e, às 6h30 da manhã desta segunda, o Hospital Santo Amaro registrou seu óbito.
O linchamento aconteceu neste sábado por um grupo de pessoas no bairro de Morrinhos, segundo informou o jornal Folha de S. Paulo. O espancamento teria sido motivado pela suspeita de que a mulher teria ligação com o sequestro de crianças na região para praticar rituais de magia negra. De acordo com a Polícia Militar, contudo, não há nenhum indício de que Fabiane tenha praticado o crime ou que mantenha ligação com alguma seita. A polícia do Guarujá não possui nenhum registro de desaparecimento de criança protocolado recentemente na região.
Os moradores que testemunharam as agressões no bairro, que tem cerca de 20.000 habitantes, chamaram a polícia. A mulher foi socorrida e encaminhada ao hospital Santo Amaro, mas não resistiu aos ferimentos.
O advogado Airton Sinto, que representa a família de Fabiane, afirmou que uma página do Facebook, a Guarujá Alerta, que traz notícias da região, é parcialmente culpada pelo espancamento. O defensor afirma que o perfil divulgou um "boato" de que uma mulher estava sequestrando crianças para fins de magia negra e um retrato falado da suposta criminosa foi divulgado pelo perfil. O advogado trabalha com a hipótese de que Fabiane tenha sido confundida pelos agressores.
O ex-marido de Fabiane já foi ouvido pela Polícia. Ele afirmou que a ex-mulher faz tratamento psiquiátrico, mas que de modo algum é a pessoa apontada como sequestradora. O homem acredita que a mulher foi confundida com o retrato falado publicado na rede social. O ex-marido de Fabiane disse ainda que a companheira, que é mãe de dois filhos, com idade de 12 e 1 ano, visitava com frequência parentes e amigos que moram na região. A polícia já identificou algumas pessoas suspeitas pelo linchamento.
A página Guarujá Alerta afirma que sempre se referiu aos sequestros em Morrinhos como "boatos" e que é vítima de uma campanha difamatória.
FONTE: REVISTA VEJA
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