sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Voltar no tempo para saber viver o hoje e realizar o amanhã

Não faz muito tempo que as necessidades materiais eram muitas em nossas vidas. E no sertão, então. Elas eram preenchidas através de muitos sacrifícios: pegar lenha no mato para cozinhar, pegar água nas cacimbas para encher os potes, ter cuidado para não faltar gás no candeeiro, ir para a escola a pé, pegar em brasas para engomar roupas, extrair dentes sem anestesia, nascer em casa, e por aí vai.

Não existia dinheiro fácil e nem luxo, muito menos vaidade. Os silos nas salas das casas queriam dizer que tinha fartura, mas uma fartura da comida grosseira, como o feijão e o milho. Nas calçadas, o velho e largo banco de madeira era sinal de que nas noites as conversas seriam colocadas em dia. Não tinha TV e nem internet.

As roupas não tinham tanta extravagância e nem tampouco eram moldadas nos corpos das senhoras e senhoritas, como hoje em dia. A beleza feminina nascia e resplandecia da alma. A beleza da donzela estava exposta pela delicadeza e educação, e não pelos decotes ousados e provocativos.

Funcionava assim porque a regra era essa, embora as exceções também existissem, e embora as moças fossem mulheres da lida, isto é, davam duro no dia a dia elas não perdiam a candura feminina. Academia? Caminhada? Não existiam porque não precisavam. 

Os homens, então, trabalhavam não para comprar motos ou carros e nem para as farras. Mas para ajudar em casa, e quando já mais moço, o pedido ao pai por uma roça era sinal de que já tinha planos para o casamento e constituir família.

As festas eram de ano em ano, e os forrós nos sítios eram animados a noite toda. Andar a cavalo ou de burro não era para todo mundo. Os animais custavam caros, e os pés eram os principais órgãos encarregados de levar seus donos aos lugares perto ou longe.

Hoje em dia tudo mudou. Temos tudo ao nosso alcance: transportes, dinheiro, luxo, comodidade, farras, bebidas e comidas, casas confortáveis, roupas, perfumes e sapatos da moda. E que bom que tudo mudou para melhor, embora infelizmente ainda exista gente morrendo de fome no Brasil e no mundo. Até nas mais humildes casas do sertão percebe-se a diferença.

É uma maravilha toda essa constatação. É a evolução dos tempos presente também nas pequenas cidades e até mesmo na zona rural. No entanto, tudo tem o outro lado. Se num passado recente tínhamos privações, podemos dizer também que tínhamos mais tranqüilidade na vida.

Não existia luxo, mas também não existia preocupação em excesso com o ter de hoje em dia; não existia vaidade, mas também não existia apego as coisas matérias de hoje em dia; e quanto menos coisas matérias se tinham menos ocupação à mente possuía.

E se temos tudo a nossa volta hoje em dia, temos também ao nosso redor, como conseqüências as diversas situações negativas: as enfermidades do corpo e da alma, por exemplo.
Cada vez mais jovens estão sendo vitimas de derrames, infartos e outros males que naquele tempo só atingiam os mais velhos. E as drogas? E os suicídios de pobres e ricos? E a depressão? E a angustia e o medo do futuro? E as mortes no transito? E a violência desenfreada?

 Amigos leitores, o mundo mudou porque evoluiu e assim o comportamento humano também. É a lógica do tempo. O preço pelas mudanças está ai à vista de todos. Não sou contra a nada que melhore nossa vida, pelo contrário, mas é preciso entender que, se o progresso cada vez mais rápido estar ao nosso alcance, é preciso saber viver com a modernidade e suas conseqüências.

E a moral do texto é: nós estamos preparados para enfrentar esse tempo moderno? Os jovens estão preparados? E como o tempo voa, amanha esse progresso de hoje já estará ultrapassado, e aí, como os bilhões de pessoas no mundo se comportarão?

E já que não existe uma receita da felicidade, às vezes é preciso comparações, olhar no retrovisor da vida, para discernir as mudanças do tempo, valorizando o antes, pisar os pés firmes no agora, para tentar conviver  e vencer os obstáculos do amanhã. 






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