Certo dia, o pai de Oscar adoeceu, no sitio Cravoeiro, em
Itaporanga, e a solução encontrada foi levar o doente para a cidade de Campina
Grande, para tentar curar daquela enfermidade.
Mas, carro era coisa de luxo e ninguém
tinha na região. Outro problema estava criado. Como o pai de Oscar iria viajar
para se tratar em Campina Grande, distante quase trezentos quilômetros do
sertão?
Oscar, homem de atitude, encontrou um jeito: levaria seu pai
em uma burra faceira que ele tinha. Isso mesmo. Todos se espantaram, mas não
tinha outra solução senão aquela, meio maluca, mas era melhor tentar. Trataram de
arrumar as roupas do doente e o animal.
Oscar todo perfumado e arrumadinho sentou na cela e alguém colocou
o pai dele atrás, e para garantir a segurança do genitor, amarraram o velho com
um cinto pegando na cintura do filho. Tudo certinho, então.
Saíram cedinho de casa, viagem cansativa e demorada, mas os
dois escaparam e conseguiram chegar a um hospital na rainha da Borborema, já na
boca da noite. Depois de falar com um conhecido deles, que era doutor,
arrumaram uma cama de mola boa e um prato de comida quente para os dois.
Oscar ficou admirado com aquela movimentação toda no hospital
e parece que não gostou muito não do que viu. Passado alguns minutos depois da
janta, Oscar olhou para o pai já deitado e relaxado e disse assim: “Pai, o
senhor fique deitadinho ai, viu, porque eu vou ali no sitio Cravoeiro, tomar
banho e pegar umas roupas pra mim, e volto logo, viu?”
O pai concordou e Oscar pegou o beco descendo pro sertão. Quando
chegou em Itaporanga, ao chegar em casa, a moçada da calçada foi logo gritando
espantado: “ Pera, Oscar, a tua burra morreu, olha só!”.
A resposta de Oscar foi melhor ainda: “ Oxe, se espantem não,
essa burra morreu na saída de Patos, e só chegou aqui porque foi na banguela”.
A cerca inventada na hora
Oscar já estava se sentindo incomodado com sua mulher, porque
ela às vezes queria discordar das verdades que ele contava. Um dia, ele começou
com uma, pra uma turma grande sentada na sua calçada: “ tinha 40 chumbos e
atirei em 40 marrecos no açude na entrada da cidade de Boa Ventura. Acertei 39
e só errei um tiro”.
Ele olhou para Marina confirmar e disse: “Num foi verdade,
Mulher”?”, ela respondeu que sim e ainda acrescentou de forma inesperada: “
Acertou, sim, e ainda acertou com a outra bala um macaco”.
Aí não. O bicho pegou. Macaco na água? Todos ficaram assim
com a macaca atrás da orelha, mas Oscar de pronto saiu pela tangente e
respondeu: “Foi sim, tinha uma cerca no meio do açude e aquele tiro que errei
nas marrecas acabei acertando no macaco”.
Em casa e sozinhos, Oscar foi logo dizendo: “De onde tu arrumou
aquele macaco, mulher?, pois fique sabendo que deu um trabalho danado pra eu
arrumar aquela cerca na hora para botar o macaco”.
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