Hoje me
deu uma saudade de algumas pessoas amigas de Boa Ventura que já partiram para a
morada eterna, e em especial o casal Jorge de Freitas Queiroz e dona Noêmia de Freitas.
Tive esse sentimento quando passei em frente à residência dos mesmos, ao lado
da igreja matriz de nossa senhora da Conceição, aqui em Boa Ventura.
A casa
fechada, sem mais nenhuma cadeira de balanço na calçada, e o portão e as
janelas fechadas me deram a sensação que eles estavam no sitio Barrenta e que
mais tarde voltariam para casa.
Acredito
que os vizinhos ainda sentem a falta deles, pela educação e gentileza de
estarem sempre dispostos a ajudar. Há cerca de sete anos morreu seu Jorge e há
mais ou menos três anos que Noêmia se foi também, mas parece que foi ontem.
Seu
Jorge não podia me ver para vim ao meu encontro e daí botar a conversa em dia. Gostava
de mim pela atenção que eu lhe dedicava e aí, meia volta falava das vezes que
governou sua terra natal.
Tinha orgulho
de ser o primeiro prefeito nomeado do município, em 1961, quando da Emancipação
Política de Boa Ventura. Era bom conversar com ele. Homem simples e respeitado
na cidade.
Certa ocasião
me convidou para passar uma manhã inteira em sua casa, e assim o fiz. Comprou duas
cervejas para eu tomar, e dona Noêmia colocou em um prato um queixo muito bom,
como num gesto de estarem gostando de minha presença naquele ambiente agradável.
Ele
bebia água e eu de vez em quando um gole da gelada. Dona Noêmia e Aninha
ouvindo e dando risadas das conversas. Aproveitei a ocasião e fiz uma matéria para
o jornal folha do vali, que naquela época era impresso.
Não demorou
muito para seu Jorge falecer, depois dessa minha visita. Foi questão de meses. Visitei
dona Noêmia umas duas vezes e ela, na companhia de Aninha, triste e abatida, fazia
questão de lembrar aquele domingo que eu estivera em sua casa.
Fez questão
de ordenar o seu neto, o médico Amaro Jorge, votar em mim para o Conselho
Tutelar, quando este estava na cidade e era o dia da eleição e eu era
candidato. Depois me mandou um recado para visitá-la, naquela noite. Fui então e ela chorou e
parabenizou-me pelo sucesso das eleições. “Se Jorge fosse vivo iria pedir votos
para você”, disse.
Dona Noêmia
partiria alguns anos à frente, como de fato aconteceu. Hoje, Aninha vive com as
irmãs na cidade de Campina Grande e quando vem a Boa Ventura faz questão de
ainda participar do parcoam, grupo da igreja católica. Rogo a Deus que o casal
amigo esteja sob a proteção do Divino Espírito Santo, e que Aninha que era o xodó
deles, continue sendo bem cuidada pela família.
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