Era uma vez uma menina chamada Jeane. Nasceu no sitio Barra, município
de Diamante, mas com pouco tempo depois, seus pais vieram residir na cidade de
Boa Ventura. Família humilde e numerosa vivia como podia: da roça e de outros
meios de sobrevivência. Na rua José
Soares, crescia Jeane e seus irmãos. Mas o pai de Jeane, seu Genival, morreu e
eles ficaram órfãos.
Não demorou muito tempo, outra triste sina: morria dona Ieda,
mãe de Jeane. Ficaram sem norte na vida. Muito nova era Jeane e outro irmão
pequeno. Os moradores da rua e familiares lamentavam essa dura realidade para
um povo tão bom, tão jovem e que teria que enfrentar a realidade cruel que se
apresentava.
Tempos depois, Jeane virou moça e casou-se. Morava em
Itaporanga e tinha dois filhos. Ao saber da morte de Maria de Antônio, na
sexta-feira passada, correu para Boa Ventura e prestar sua solidariedade á família,
pois eram vizinhos e amigos, desde que Jeane era pequena.
Na volta para casa, passou mal e faleceu. O seu caixão ficou
ao lado do caixão de Maria de Antônio na Igreja. Nenhuma das duas eram
autoridades e nem eram pessoas importantes da sociedade, pelo contrário, eram
pessoas humildes e marcadas pelo sofrimento e pela força de viver.
Mas a igreja ficou pequena para tanta gente que tinha ido
levar o seu último adeus a essas duas criaturas humanas. Quando pequena Jeane
deve ter sido amparada em algum momento de sua vida por Maria. Havia uma
relação de amor e amizade entre as duas.
Faleceram Maria e Jeane, receberam homenagens as duas, e elas
entraram no céu de mãos dadas. Com certeza foram recepcionadas por Deus com um
grande abraço de pai. Jeane, uma menina pobre e sofrida na vida, deixa a mesma
historia de vida para seus dois pequenos filhos, que também ficaram órfãos. Mas
assim como Jeane, elas vão encontrar anjos em suas vidas para trata-las bem,
além do apoio do pai e tios.
Maria, que até depois da morte continuou ajudando, com a família
doando suas córneas, para que duas pessoas possam enxergar a vida, também
ficará ao lado de Jeane no céu, como um anjo de ternura que não pode ver ninguém
desamparado.
Vão se os corpos para o cemitério e as almas retornam a Deus.
Restarão boas lembranças e saudades, mas também exemplos de cristãos que
fizeram história, e assemelham a Paulo: “Combati o bom combate”. Que possamos
seguir esses exemplos enquanto nos resta um pouco de folego.
Nada de orgulho, nada de vaidade, nada de desprezo por alguém
necessitado. Pelo contrário, que possamos ser sempre solidário ao próximo: na
alegria e na dor, para que, em nossa partida, a saudade seja presente e não a
tristeza de uma vida que nada produziu em prol do próximo.
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