segunda-feira, 16 de março de 2015

Jeane e Maria entraram de mãos dadas no céu

Era uma vez uma menina chamada Jeane. Nasceu no sitio Barra, município de Diamante, mas com pouco tempo depois, seus pais vieram residir na cidade de Boa Ventura. Família humilde e numerosa vivia como podia: da roça e de outros meios de sobrevivência.  Na rua José Soares, crescia Jeane e seus irmãos. Mas o pai de Jeane, seu Genival, morreu e eles ficaram órfãos.

Não demorou muito tempo, outra triste sina: morria dona Ieda, mãe de Jeane. Ficaram sem norte na vida. Muito nova era Jeane e outro irmão pequeno. Os moradores da rua e familiares lamentavam essa dura realidade para um povo tão bom, tão jovem e que teria que enfrentar a realidade cruel que se apresentava.

Tempos depois, Jeane virou moça e casou-se. Morava em Itaporanga e tinha dois filhos. Ao saber da morte de Maria de Antônio, na sexta-feira passada, correu para Boa Ventura e prestar sua solidariedade á família, pois eram vizinhos e amigos, desde que Jeane era pequena.

Na volta para casa, passou mal e faleceu. O seu caixão ficou ao lado do caixão de Maria de Antônio na Igreja. Nenhuma das duas eram autoridades e nem eram pessoas importantes da sociedade, pelo contrário, eram pessoas humildes e marcadas pelo sofrimento e pela força de viver.

Mas a igreja ficou pequena para tanta gente que tinha ido levar o seu último adeus a essas duas criaturas humanas. Quando pequena Jeane deve ter sido amparada em algum momento de sua vida por Maria. Havia uma relação de amor e amizade entre as duas.

Faleceram Maria e Jeane, receberam homenagens as duas, e elas entraram no céu de mãos dadas. Com certeza foram recepcionadas por Deus com um grande abraço de pai. Jeane, uma menina pobre e sofrida na vida, deixa a mesma historia de vida para seus dois pequenos filhos, que também ficaram órfãos. Mas assim como Jeane, elas vão encontrar anjos em suas vidas para trata-las bem, além do apoio do pai e tios.

Maria, que até depois da morte continuou ajudando, com a família doando suas córneas, para que duas pessoas possam enxergar a vida, também ficará ao lado de Jeane no céu, como um anjo de ternura que não pode ver ninguém desamparado.

Vão se os corpos para o cemitério e as almas retornam a Deus. Restarão boas lembranças e saudades, mas também exemplos de cristãos que fizeram história, e assemelham a Paulo: “Combati o bom combate”. Que possamos seguir esses exemplos enquanto nos resta um pouco de folego.

Nada de orgulho, nada de vaidade, nada de desprezo por alguém necessitado. Pelo contrário, que possamos ser sempre solidário ao próximo: na alegria e na dor, para que, em nossa partida, a saudade seja presente e não a tristeza de uma vida que nada produziu em prol do próximo.


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