domingo, 14 de setembro de 2014

'Princesa do norte’ vira o exemplo do País

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Em Sobral, ninguém quer faltar às aulas; já Francisco Conde, na Bahia, fica entre os piores


Wellington Macedo/Estadão
Escola Elpídio Ribeiro da Silva, em Sobral, alcançou a nota 9
Sobral, a “princesa do Norte”, no sertão cearense, e São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, são exemplos de aplicação dos recursos do fundo de financiamento da educação básica, o Fundeb: para o bem e para mal. Enquanto a cidade do Ceará comemora os bons resultados do último Ideb, o município da Bahia busca explicações para seu desempenho pífio. 
Das 31 escolas avaliadas em Sobral, destaque para a Araújo Chaves e Elpídio Ribeiro da Silva. Ambas alcançaram a nota 9 - resultado muito acima da meta de 5 para 2013 e da projeção de 6,1 de 2021. Do total, 29 escolas tiveram nota acima de 7,4. 
Para o prefeito Clodoveu Arruda, cuja cidade tem 463 mil habitantes, o reconhecimento do Ideb é o resultado do fortalecimento da gestão escolar, do planejamento e do investimento na formação permanente dos professores. “O cuidado com a formação permanente dos profissionais que atuam na rede escolar é fundamental para o resultado agora alcançado.” Os professores ganham bônus por desempenho.
A professora Maria Micilene Ribeiro de Paulo, há 12 anos na Elpídio Ribeiro da Silva, diz que, quando iniciou a carreira docente, faltavam material escolar, transporte e capacitação. “A gente não tinha o apoio que temos hoje, não estávamos preparados”, conta. A escola está em um distrito com pouco mais de 2.700 habitantes e a parceria com os pais é incentivada. 
Segundo Maria Micilene, nem doença segura as crianças em casa, que têm uma autoestima elevada e sentem prazer de ir à escola. “Meu sonho é ver meus filhos formados”, disse ela, que tem dois filhos na escola onde trabalha.
Com educação de qualidade, os estudantes têm metas altas. “Meu sonho é ser enfermeira”, diz Naely Costa Silva, do 5.º ano do ensino fundamental. Ela afirma que vai conseguir se formar em Enfermagem porque se esforça muito nos estudos, graças ao apoio dos professores. Naely afirma que só falta à escola, que estuda em período integral, quando fica doente.
Em baixa. Enquanto isso, a secretária de Educação de São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, Ana Christina de Oliveira Lima, não consegue conter o sorriso nervoso ao ser indagada sobre o Ideb. A cidade foi uma das que tiveram queda mais acentuada no fundamental 1 - caiu de 4,4 para 3,5. “Não sei explicar o que aconteceu, estamos tentando entender”, diz. Ela assumiu a pasta há pouco mais de um mês. 
Recentemente, a cidade, de 36 mil habitantes, teve seu nome inserido na lista de 20 municípios baianos alvo de uma operação da Polícia Federal contra desvios de recursos do Fundeb. A Operação 13 de maio apurava supostos desvios de R$ 30 milhões. Prefeitos, gestores, servidores e empresários das cidades foram detidos, e a investigação continua. A secretária de São Francisco do Conde afirma não ver relação entre fraude e queda na avaliação.
Os colégios da zona rural e das ilhas são os que mais sofrem. Na Escola Rural do Gurugé há apenas três salas de aula e dois banheiros, com infiltrações, para 98 alunos. Aulas de educação infantil e ensino fundamental são compartilhadas na mesma sala. A “biblioteca” é um espaço adaptado e escuro no fim de um corredor.
“São problemas, claro, mas não acredito que eles atrapalhem na assimilação do conteúdo, por parte dos estudantes”, afirma a secretária-geral da unidade, Josicleide Ferreira.

O ESTADÃO

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