sexta-feira, 25 de julho de 2014

ELES ESTÃO CHEGANDO AO SERTÃO


Jesus Cristo, Nossa Senhora, Santo Antônio, São Francisco? Que nada! Mas, afinal, quem são eles? Frei Damião, Pe. Cícero, Antônio Conselheiro, Lampião? Também não! Alguns famosos idolatrados pelos alienados? Sim, eles mesmos, os famosos artistas políticos versados na arte da politicagem. Aqueles que sabem muito bem se apresentar no palco iluminado da mentira, da demagogia, do nepotismo, do fisiologismo. Sua lábia convincente e estrategista é a arma poderosa para ludibriar eleitores ingênuos, imaturos, alienados e dependentes. Seu poder de convencimento é tão forte, tão poderoso, que é capaz de derrubar avião.


Entenderam-me? São eles mesmos, os politiqueiros em busca dos votos dos bestas. Só assim conseguem chegar “lá”. “Ah, como é bom estar no poder! Eu me deleito nos braços gostoso do trono, e isso me realiza”. Assim pensam os ávidos do poder. Foi nessa linha de apego ao poder pelo poder, que o ex-presidente da Câmara de Vereadores de São Gonçalo, no Rio de janeiro, assim se expressou:
“a mamata é boa. Ser vereador é tão bom que a gente recebe para ser. Não tem coisa melhor do que ser político”.

Não é por acaso que há uma corrida tresloucada em busca de uma vaga na Assembleia Legislativa ou no Congresso Nacional, sem falar na briga pelo governo do estado e da presidência da república, numa clara demonstração de que a preocupação não é com o povo, com o bem comum. Que o povo se dane!
Na arena da batalha pela conquista da vitória nas urnas, de vale tudo, menos os princípios éticos, como verdade, honestidade e respeito pelo o eleitor. É o espírito diabólico impregnado na mente e no coração daqueles que não têm nenhum compromisso com a população e sim, com o seu próprio eu, com sua família e meia dúzia de bajuladores. É o egocentrismo falando mais alto. Pois, o que conta é a ascensão pessoal, familiar... Aí entra o que Maquiavel falara: “usar algumas astúcias para chegar lá”.

Eu perguntaria em tom cômico: quem não quer conquistar a “vaca” boa de leite para nela “mamar,” durante o período do mandato? Quem não quer ficar “gordo”, bem “nutrido”, com esse “leite” saboroso? Mas, para ter acesso a esses “peitos”, requer habilidade, muitas façanhas. Isso é o que não falta. Continuo: quem não quer ter acesso à “botija,” para nela meter a mão? Com a “botija” nas mãos, eles fazem a maior festa em detrimento da ignorância e miséria do povo.


Assim pensa o político descarado, desonesto e descompromissado: “botija” das botijas, tudo é botija. Com essa fonte de riqueza nas mãos, eu compro mansões na praia, carros importados, coloco meus filhos nas melhores escolas da capital ou do exterior, enriqueço minha família e meus amigos e ainda tomo whisky importado, sem falar, é claro, das minhas viagens pelo o Brasil afora.

E alguém pergunta-lhe: e o povão? Responde-lhe: o povão que me elegeu que se dane durante estes quatro anos. Que o mesmo fique atolado na miséria, de cuia na mão. Aqui e acolá, como consolo, eu coloco uma banda de música na rua para a turma dançar, divertir-se. E Continua o demagogo: é o Zé povinho dançando, tomando pinga a noite toda, e me agradecendo.

Muitos estão de volta, feito arribação em tempo de inverno. Cada um afinado na arte de ludibriar o eleitor com as palavras de sempre: se eu ganhar, a vida de vocês irá melhorar. Por isso, votem em mim, acreditem em mim. Estarei sempre ao lado de todos para defendê-los. E os eleitores cegos, alienados, como se comportam mais uma vez? Comportam-se como sempre: aplaudindo-o e dizendo:
- muito bem “dotô”, “vosmicê” já “ganho”. Agora bota pra “nois” festa na rua e pinga pá “nois” tomar e “deiche” com “nois”.

E os jovens? Alguns, embrulhados feito pamonhas numa roupa padrão, dançando, cambaleando e dizendo:
- “nóis vota é “mermo” nesse “dotô”, ele é nosso “candidato” porque dá festa pra “nois” e é bonitão, é um gatão e “sota” beijo pra “nois”.

Coitados, são vítimas do marketing perfeito da manipulação. São cidadãos tratados como massa de manobra ou boiada. Respeito para com esse sofridos eleitores não há de forma alguma. Aliás, para esses bonitões e elegantes empalitozados, acostumados com o poder e suas regalias, o que vale não é o cidadão, mas seu titulo de eleitor, ou melhor, seu voto.

Lá vêm eles de novo, feito aves de rapina, implorar a clemência dos famigerados e ignorantes eleitores. Agora? Por que só agora? O que vocês fizeram para merecer o voto desse povo pisoteado, enganado, tratado como seres de segunda categoria? E alguém, ironicamente, poderá responder-me: padre, fique calado, fique na sua, deixe-nos em paz, vá rezar, cuidar do seu rebanho, das coisas da sua Igreja. Deixe a gente fazer nosso trabalho politico-eleitoral. Vá cuidar do seu povo, que a gente cuida dos eleitores. É muita cara de pau, hein?

Esses santos oportunistas, acostumados com regalias, depois de eleitos, felizes da vida, na sua caríssima rede de balanço, dizem para seus famosos aliados: daqui a quatro anos eu volto aos meus currais eleitorais para comer a galinha assada na casa do “compadre”, colocar chapa na boca dos “banguelos”, óculos de grau na cara dos matutos e prometer “chuva de gelo” em tempo de seca. E eu serei eleito mais uma vez. A gargalhada cínica e maldosa toma conta do doutor para a felicidade da sua madame com seu colar de ouro no pescoço, dos seus mauricinhos, de suas patricinhas e dos “santos bajuladores”. Para concluir, diz: a eleição passou, ganhei, agora vou descansar. E viaja para algum país rico do primeiro mundo. E nós, os bestas, ficamos chupando o dedo.

Os famosos eleitos tomam posse, apoderam-se do poder. Vão ganhar muito dinheiro e viver nadando no mar da mordomia, regalias. E adeus povo, adeus promessas. E mais uma vez o povão é enganado, tratado com desdém. Aliás, na mente desses doutores políticos, o povo é apenas um detalhe.

Em síntese, afirmo, peremptoriamente, que tudo isso que acontece em nosso sertão, sertão sofrido, é por causa não só da ingenuidade política de milhares de eleitores mas, sobretudo, porque não dispõem de consciência crítica de sua própria cidadania, sem contar, claro, com o braço direito da maldita impunidade. E os adoradores do poder amam essa cultura da cegueira política e da falta da aplicação rigorosa da lei.
Os abutres gostam de carniça, os maus políticos de gente alienada. Com esta maneira cômica e crítica de falar, não estou generalizando, pois, ainda há alguns políticos, infelizmente são poucos, que merecem nosso respeito, admiração e aplausos. Há exceções, claro.
“A elite fede”, disse Cazuza.

Padre Djacy Brasileiro
Sertão da Paraíba
24 de julho de 2014.
E-mail: padredjacy@hotmail.com

Twitter: @padredjacy

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