domingo, 10 de novembro de 2013

A alma lavado do rio

     O fascínio pelas coisas do outro mundo sempre foi muito presente na vida das pessoas, do tempo presente, bem como de todos os tempos.  A imaginação cria asas ao se fazer referencias ao sobrenatural. E nesse aspecto, falar de alma, numa linguagem popular, sobretudo no seio daqueles que não dominam a ciência e nem tem essa preocupação, então, é inserir uma realidade num contexto, que para eles é natural, e embora espontâneo chega a arrepiar cabelos quando o assunto é tratado.

     No interior, onde a vida é mais pacata, falar de alma já foi mais rotineiro. Hoje em dia, ainda se fala porem com menos frequência. Mas uma vez reforço aqui que não faço referencia ao aspecto da ciência e nem de religião, mas tão somente aquilo que está contextualizado na cultura popular.

      E não é a primeira vez que toco no assunto. Já fiz menção em outras oportunidades. E o faço porque o assunto mexe com o imaginário e provoca comentários que são sadios do ponto de vista cultural da nossa região e até de nossas raízes sertanejas. E não há nada de mal nisso. A literatura de cordel é rica sobre o assunto.

     E como uma coisa está sempre ligada à outra, dia desses recebi um convite especial e ao mesmo tempo inusitado. Agora, a pessoas que me fez o convite e que é deste mundo, foi logo advertindo: “tem que ter coragem, viu. Porque o negocio aparece, sim”. Calma, ai gente, o convite não foi para ir ao cemitério meia-noite, não!

     Explico melhor: uma senhora ainda jovem, me convidou para irmos à passagem do rio Piancó, mesmo onde o povo faz a travessia para o outro lado, e ficarmos atrás da moita para ver uma coisa do outro mundo. “Tu não gosta de historias de alma? Então venha ver comigo uma que sempre aparece por La!”, foi logo justificando seu apelo.

    E você já viu alma? Quis eu saber. “Já sim, mas não deu tempo de ver direito, não, porque ela apareceu e sumiu depressa”. Esqueci o assunto, mas eis que no outro dia, e eu querendo cortar caminho dos vivos, não teve outro jeito, dei de cara com ela novamente, mesmo na esquina do cemitério, que foi logo gritando: “ Ei, tu vai ou não vai, hem”. Fiquei sem jeito e respondi a ela que sim.

     Fui-me embora, mas com aquilo na cabeça, voltei e perguntei, mas é verdade mesmo é? Ela me garantiu assim: “È homem de Deus, tu vem comigo e vai ver”. Não marcamos a data, mas esse fato está gerando em mim a maior expectativa do mundo. Ora, não é todo dia que a gente ver uma alma penada, né?


      Ah, vou levar a câmera digital e tentar conversar com ela e saber se a mesma tem alguma mensagem a dizer ao povo de Boa Ventura nesse momento. Alias, se algum leitor quiser ir comigo, esteja a partir de agora convidado. Vamos somente esperar, essa jovem mulher aparecer de novo em minha frente para  nos levar ao que ela diz ser uma coisa do outro mundo.

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