O fascínio pelas coisas do outro mundo sempre foi muito
presente na vida das pessoas, do tempo presente, bem como de todos os
tempos. A imaginação cria asas ao se
fazer referencias ao sobrenatural. E nesse aspecto, falar de alma, numa
linguagem popular, sobretudo no seio daqueles que não dominam a ciência e nem
tem essa preocupação, então, é inserir uma realidade num contexto, que para
eles é natural, e embora espontâneo chega a arrepiar cabelos quando o assunto é
tratado.
No interior, onde a vida é mais pacata, falar de alma já foi
mais rotineiro. Hoje em dia, ainda se fala porem com menos frequência. Mas uma
vez reforço aqui que não faço referencia ao aspecto da ciência e nem de religião,
mas tão somente aquilo que está contextualizado na cultura popular.
E não é a primeira vez que toco no assunto. Já fiz menção em
outras oportunidades. E o faço porque o assunto mexe com o imaginário e provoca
comentários que são sadios do ponto de vista cultural da nossa região e até de
nossas raízes sertanejas. E não há nada de mal nisso. A literatura de cordel é
rica sobre o assunto.
E como uma coisa está sempre ligada à outra, dia desses
recebi um convite especial e ao mesmo tempo inusitado. Agora, a pessoas que me
fez o convite e que é deste mundo, foi logo advertindo: “tem que ter coragem,
viu. Porque o negocio aparece, sim”. Calma, ai gente, o convite não foi para ir
ao cemitério meia-noite, não!
Explico melhor: uma senhora ainda jovem, me convidou para
irmos à passagem do rio Piancó, mesmo onde o povo faz a travessia para o outro
lado, e ficarmos atrás da moita para ver uma coisa do outro mundo. “Tu não
gosta de historias de alma? Então venha ver comigo uma que sempre aparece por
La!”, foi logo justificando seu apelo.
E você já viu alma? Quis eu saber. “Já sim, mas não deu tempo
de ver direito, não, porque ela apareceu e sumiu depressa”. Esqueci o assunto,
mas eis que no outro dia, e eu querendo cortar caminho dos vivos, não teve
outro jeito, dei de cara com ela novamente, mesmo na esquina do cemitério, que
foi logo gritando: “ Ei, tu vai ou não vai, hem”. Fiquei sem jeito e respondi a
ela que sim.
Fui-me embora, mas com aquilo na cabeça, voltei e perguntei,
mas é verdade mesmo é? Ela me garantiu assim: “È homem de Deus, tu vem comigo e
vai ver”. Não marcamos a data, mas esse fato está gerando em mim a maior
expectativa do mundo. Ora, não é todo dia que a gente ver uma alma penada, né?
Ah, vou levar a câmera digital e tentar conversar com ela e
saber se a mesma tem alguma mensagem a dizer ao povo de Boa Ventura nesse momento.
Alias, se algum leitor quiser ir comigo, esteja a partir de agora convidado.
Vamos somente esperar, essa jovem mulher aparecer de novo em minha frente
para nos levar ao que ela diz ser uma
coisa do outro mundo.
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