Faleceu Maria de Antonio: um exemplo de mãe e mulher caridosa

Boa Ventura perdeu uma das mulheres mais caridosas que eu já conheci: Maria das Graças da Silva, ou como era mais conhecida, Maria de Antônio, que contava com a idade de 64 anos e faleceu nas primeiras horas desta sexta-feira, 13, em um dos hospitais da cidade de Campina Grande.

Ela estava internada havia três meses no hospital regional de Patos e ultimamente fora transferida para um dos hospitais de Campina Grande, devido à gravidade de sua doença. Maria adquiriu a doença de chagas alguns anos atrás e o seu quadro de saúde se agravou, e não suportando o fardo da enfermidade, o seu frágil corpo se desfaleceu deixando o esposo e filhos, bem como vizinhos e uma legião de amigos tristes com a sua partida.

A família aguarda a liberação do corpo para providenciar o seu sepultamento na cidade de Boa Ventura. Logo mais será divulgado o horário para as despedidas de Maria. Os filhos que moram na cidade de São Paulo estão na luta para conseguir passagens e participar do último adeus a genitora. Quando soube do falecimento de Maria, várias pessoas da comunidade se dirigiram ate a residência da mesma para confortar alguns dos filhos de Maria que moram por aqui.

Maria de Antônio foi casada com Antônio Valério da Silva e o casal teve 13 filhos, todos vivos, e ainda tem Patrícia, que foi tomada por Maria para ser criada pequena e hoje conta com a idade de 13 anos. Maria foi um exemplo de mulher, esposa e mãe de família, além de ser um modelo de pessoa caridosa, que ajudou a muita gente doente na comunidade, pessoas estas muitas vezes desprezadas pela própria família, e que encontravam em Maria um anjo caído do céu.

Há cerca de vinte anos eu conhecia Maria de Antônio, e sou testemunha viva de sua história, completada com narrativas de pessoas que a conhecia de perto e sabiam de sua luta. Ajudava a quem precisava, mesmo sem ter condições financeiras, mas procurava ser útil. Doentes abandonados encontravam abrigo nas mãos de Maria. Quem não se lembra de “Eliza pé de bode”, que ela cuidou cuidadosamente por sete anos? E sua sogra, que enferma, foi praticamente cuidada por ela por longos anos?

Tudo isso sem receber nada em troca. E outros nomes eu poderia mencionar aqui, mas não é preciso, pois Deus em sua infinita bondade tem guardado em seu livro da vida o exemplo de Maria, e ele, saberá recompensá-la no céu. Maria de tantos nomes poderia ela ser: Maria da paz, da bondade, do amor para com a família e com os outros. Maria da boa conduta, Maria do sofrimento, Maria das lutas para criar os filhos, Maria das lagrimas derramadas pelas angustias da vida, Maria de tantas amizades.

Maria que lavava roupas ao meio-dia no rio, e que cantava e conversava alto, animando e fazendo rir todos a sua volta. Maria que gostava de sentar tarde da noite nas calçadas para contar suas histórias. Maria que quando grávida fazia questão de chegar sozinha ao hospital para dar a luz. Maria que sofreu quando sua aposentadoria não saiu em tempo certo. Sofreu por mais de sete anos, para conseguir esse direito, mas não atirava pedras em ninguém. Maria que se gabava do marido e dos filhos bons que tinha. Maria, Maria e Maria de tantos significados positivos.

Hoje a rua onde Maria morou por tantos anos, amanheceu triste. Seus filhos não param de receber o abraço e as condolências de parentes e amigos. Aquela rua não será mais a mesma sem Maria. Tudo fala dela.

Pelos frutos conheceres a árvore, já diz uma passagem da bíblia, e nesse contexto quem conhece os filhos e filhas de Maria e de Antônio, já podem tirar a conclusão de que o casal era pessoas abençoadas.

Já ficam a saudade e a lembrança da vida exemplar de Maria, mas fica também a certeza pela fé de que Deus já reservou um bom lugar no céu para essa pessoa especial que foi ela. Outras pessoas bondosas como Maria devem existir em nossa comunidade, para a caridade continuar a ser praticada, mas a conduta boa da alma de Maria permanecerá para sempre. Vá em paz, Maria, e que sua luta, dor e exemplo de vida sejam seguidos por muitos neste mundo de egoísmo e falta de amor.