sexta-feira, 14 de novembro de 2014

PF deflagra operação contra fraude no Enem no CE, PARAÍBA e PI


A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (14) uma operação para cumprir quatro mandados de prisão e nove de busca e apreensão nos estado do Ceará, Paraíba e Piauí. A operação Apollo investiga uma quadrilha que frauda o Exame Nacional do Ensino Médio, vestibulares e ingresso em universidades públicas pelo sistema de cotas.

A atuação da quadrilha tem como centro a região do Cariri, no sul do do Ceará, e se estende para outros estados, segundo a Polícia Fedeeral. As fraudes beneficiam candidatos interessados em ingressar em medicina em universidades públicas.

A investigação da Superintendência da Polícia Federal no Ceará começou há 13 meses e pretende também identificar todos os beneficiados no esquema nas edições do Enem de 2013 e 2014.

No sábado (8), houve a prisão em flagrante de duas pessoas suspeitas de passar "cola" do Enem em Juazeiro do Norte pelo celular.

Segundo a Polícia Federal, o órgão responsável pela realização das provas do Enem, o Inep, "tem colaborado com as investigações desde o ano passado, fornecendo as informações necessárias à identificação dos investigados e à elucidação da fraude". Os presos foram indiciados pela prática dos crimes de fraudes em certames públicos e organização criminosa.

Vazamento

A polícia ainda não informou se a operação também envolve as denúncias de vazamento de imagens da prova de redação antes da realização do teste no domingo (9). O órgão concede coletiva neste momento em Fortaleza para fornecer mais detalhes da operação.

Três alunos do Ceará disseram nesta quinta-feira (13) que também receberam antecipadamente o tema da redação do Enem 2014. Eles conversaram com o G1 e informaram que mensagens pelo celular com o tema "Publicidade Infantil no Brasil" foram enviadas a eles, de forma similar ao que ocorreu com estudantes do Piauí. No Piauí, a Polícia Federal e o MPF-PI abriram inquérito para investigar o caso. No Ceará, até esta quinta não havia denúncias do gênero na Polícia Federal ou MPF.

Um dos alunos declarou ao G1 que viu uma mensagem às 15 horas no celular via WhatsApp, com o tema. "Não me beneficiei porque eu não sabia que era realmente o tema da redação. Mas a pessoa que recebeu primeiro teve tempo para se preparar e sabia que seria o tema da redação", disse o aluno, que não quis se identificar. Ele recebeu a imagem da prova às 10h50, mas só checou a mensagem depois que deixou o local do exame.

O ministro da Educação, Henrique Paim, disse nesta quinta-feira (13) que o MEC está "seguro de que o processo está sendo muito bem conduzido e ao longo desse período todo de aplicação da prova, não tivemos nenhum problema".

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, informou em nota que "não existe qualquer indício" de que o tema tenha vazado, mas reforçou que a denúncia será apurada "com rigor".

Prisões no domingo

No domingo (9), a Polícia Federal prendeu duas pessoas suspeitas de passar o gabarito do exame em mensagens no celular em Juazeiro do Norte. Elas foram autuadas pelo crime de fraude em concurso de interesse público.

Os candidatos presos se inscreveram com sabatistas, que fazem o exame em horário diferenciado. "Eles foram presos com os gabaritos das provas nos celulares. Ainda não podemos saber como eles tiveram acesso, estamos no começo da investigação", disse, neste fim de semana, a delegada da Polícia Federal Andréia Assunção, responsável pela segurança do Enem no Ceará.

Os presos foram liberados após pagamento de fiança no valor de R$ 6 mil e vão aguardar o julgamento. Se condenados, eles podem pegar pena de um a quatro anos de prisão. O crime ocorreu na noite de sábado (8) e divulgado neste domingo (9).

Vazamento na edição 2011

Em 2011, uma escola privada de Fortaleza teve acesso antecipado a 16 questões do Enem, que foram compartilhadas entre os alunos. Os candidatos que tiveram acesso prévio tiveram as questões anuladas.

Na época, o Ministério Público Federal chegou a pedir a anulação da prova, mas a Justiça não deu decisão favorável ao procurador Oscar Costa Filho.

G1

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