Antigo curral do coronel Zuza Lacerda, em Curral Velho |
O padre Aristides Ferreira da Cruz, deputado estadual e chefe
político de toda região do Vale do Piancó, faz saber e solicita providencias ao
Presidente da Paraíba quanto o nível de violência que estava sendo acometida
sua região. Denunciou, sobretudo, o assassinato do chefe político de Paulo
Mendes, que depois passou a ser chamado de São Paulo (Diamante) e sua invasão, responsabilizando
o coronel Zuza Lacerda pelos acontecimentos. Essa denuncia foi reforçada ainda
pelo fato do referido coronel acoitar em sua fazenda todos os homens que
praticavam esses tipos de atrocidades.
O governador, reconhecendo a gravidade do problema, de pronto
atendeu sua solicitação e enviou um emissário a Pianco, no sentido de que o “manda
chuva da região” fosse notificado. Ao chegar a cidade, após receber instruções
do padre Aristides, seguiu para a fazenda Curral Velho, onde encontrava-se
o temido coronel.
A notificação oficial destinada ao coronel era assim escrita:
“Do Presidente da Paraíba ao ex-deputado e coronel da Guarda Nacional José
Cavalcanti Estrela de Lacerda, fazenda de Curral Velho, Paraíba”
Informando dos últimos acontecimentos no povoado de São Paulo
onde foi barbaramente assassinado, por
capangas seus, o coronel Posidônio Mangueira, e que os mesmos encontram-se
refugiados na sua fazenda, reconhecendo sua autoridade na região, solicito –vos
que mande entregar os bandidos para serem recolhidos a cadeia pública da cidade
de Piancó, neste Estado”.
Terminada a leitura do oficio, o coronel Zuza Lacerda
perguntou aos cabras presentes: todos concordam com o que determinava o
governador? Em voz alta todos
responderam: “entregar, nunca; conte com a gente pro que der e vier’”.
Como resposta ao oficio do chefe maior do estado mandou que
fosse redigido um comunicado nos seguintes termos: “Excelentíssimo Senhor
presidente da Paraíba. Minha resposta ao seu oficio é não. Quero dizer-lhe que
não matei ninguém, não ataquei povoado algum, e que se encontra na minha
fazenda um homem baleado, o qual tendo meu apoio mandei cortar a perna na baixa
verde, estado de Pernambuco.
Ele se encontra em tratamento aqui, mas não o entregarei a
policia. “Se quiser mande buscar aqui, na minha fazenda, que ficarei
esperando.”. Comunico-vos também que na autoridade da guarda nacional neste
momento, decreto a independência da vila de São Boa Ventura nos limites do
estado de Pernambuco onde está encravada minha fazenda Curral Velho, e toda a
extensão do riacho Bruscas, recendo o nome de REPUBLICA INDEPENDENTE DA ESTRELA,
que a partir deste instante terá sua autonomia do estado e da nação.
Partindo do rio Pianco pelas águas ate os limites com Princesa
Isabel e Pernambuco, reconhecendo como sede da capital É Boa VENTURA E SEU
quartel general Curral Velho, assinado José Cavalcanti de Estrela de Lacerda. A SEGUIR A ULTIMA PARTE
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