quinta-feira, 23 de maio de 2013

Trechos do livro " Epopeia de uma época", do professor Geraldo Mendes PART IV

Antigo curral do coronel Zuza Lacerda, em Curral Velho
    O padre Aristides Ferreira da Cruz, deputado estadual e chefe político de toda região do Vale do Piancó, faz saber e solicita providencias ao Presidente da Paraíba quanto o nível de violência que estava sendo acometida sua região. Denunciou, sobretudo, o assassinato do chefe político de Paulo Mendes, que depois passou a ser chamado de São Paulo (Diamante) e sua invasão, responsabilizando o coronel Zuza Lacerda pelos acontecimentos. Essa denuncia foi reforçada ainda pelo fato do referido coronel acoitar em sua fazenda todos os homens que praticavam esses tipos de atrocidades.
    O governador, reconhecendo a gravidade do problema, de pronto atendeu sua solicitação e enviou um emissário a Pianco, no sentido de que o “manda chuva da região” fosse notificado. Ao chegar a cidade, após receber instruções do padre Aristides, seguiu para a fazenda Curral Velho, onde encontrava-se o  temido coronel.
    A notificação oficial destinada ao coronel era assim escrita: “Do Presidente da Paraíba ao ex-deputado e coronel da Guarda Nacional José Cavalcanti Estrela de Lacerda, fazenda de Curral Velho, Paraíba”
Informando dos últimos acontecimentos no povoado de São Paulo onde foi barbaramente  assassinado, por capangas seus, o coronel Posidônio Mangueira, e que os mesmos encontram-se refugiados na sua fazenda, reconhecendo sua autoridade na região, solicito –vos que mande entregar os bandidos para serem recolhidos a cadeia pública da cidade de Piancó, neste Estado”.
     Terminada a leitura do oficio, o coronel Zuza Lacerda perguntou aos cabras presentes: todos concordam com o que determinava o governador?  Em voz alta todos responderam: “entregar, nunca; conte com a gente pro que der e vier’”.
   Como resposta ao oficio do chefe maior do estado mandou que fosse redigido um comunicado nos seguintes termos: “Excelentíssimo Senhor presidente da Paraíba. Minha resposta ao seu oficio é não. Quero dizer-lhe que não matei ninguém, não ataquei povoado algum, e que se encontra na minha fazenda um homem baleado, o qual tendo meu apoio mandei cortar a perna na baixa verde, estado de Pernambuco.
    Ele se encontra em tratamento aqui, mas não o entregarei a policia. “Se quiser mande buscar aqui, na minha fazenda, que ficarei esperando.”. Comunico-vos também que na autoridade da guarda nacional neste momento, decreto a independência da vila de São Boa Ventura nos limites do estado de Pernambuco onde está encravada minha fazenda Curral Velho, e toda a extensão do riacho Bruscas, recendo o nome de REPUBLICA INDEPENDENTE DA ESTRELA, que a partir deste instante terá sua autonomia do estado e da nação.

    Partindo do rio Pianco pelas águas ate os limites com Princesa Isabel e Pernambuco, reconhecendo como sede da capital É Boa VENTURA E SEU quartel general Curral Velho, assinado José Cavalcanti de Estrela de Lacerda. A SEGUIR A ULTIMA PARTE

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