quinta-feira, 21 de março de 2013

A calçada nossa de cada dia!


              A vida no interior é muito boa. Por aqui as pessoas andam tranquilas pelas ruas e praças. No sertão as pessoas vão sem medo nenhum à igreja, a padaria, ao bar, a lanchonete, enfim, a todo recanto. É muito calma a vida por essas bandas. Todo mundo é conhecido um do outro. Parentes então, nem se fala.

           E as calçadas, hem! À noite são iguais às arquibancadas de estádio de futebol: sempre lotadas. E lá, as pessoas falam de tudo e de todos. Às vezes fala demais. Não escapa nada: quem deixou à cidade e quem chegou; quem comprou algo novo ou trocou; quem está doente e quem se curou; quem prosperou e quem se lascou; e noite dentro vai rolando a conversa, ou melhor, o fuxico.

              Mas sentar na calçada à noite e conversar com a família, os vizinhos e quem vai passando na rua é uma cultura nossa antiga e sempre atual, e por mais que alguém não goste da calçada e ache que os outros falam demais da vida alheia, não pode dizer desta água não beberei.

             Podemos até dizer que uma das felicidades mais corriqueiras é quando chega à noite, por volta das seis horas, e as novidades são relatadas na calçada com todo cuidado possível. Olhar para os lados, então, para falar é uma atividade física bastante praticada por aqui. Sentar na calçada é na verdade uma terapia, fuxicando ou não.

         Mas tudo é muito passageiro e não demora muito as calçada começam a ficar vazias. Primeiro se recolhem os mais velhos, as mulheres para assistirem as novenas, e por últimos as crianças e os jovens.

           Logo o silencio toma de conta das ruas na cidade pequena, apenas de vez em quando se ouvem o latido de um cachorro perdido, a tosse de uma criança ou o apito de um guarda solitário. Nas madrugadas pessoas descansam porque cedinho, a partir do canto do galo, a vida recomeça na cidade pequena.

            

           

           

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentario.