Ele nasceu na serra, em Diamante, mas por muito tempo morou
no sitio Antas, em Boa Ventura. Depois, veio morar na cidade com a família: a
esposa e sete filhos pequenos, isso há cerca de dez anos. Ficou doente e tentou
a aposentadoria pelo INSS, no entanto, não conseguiu seu objetivo. O Instituto
da Previdência Social não reconhece a sua enfermidade como algo que o empeça
parar de trabalhar e receber o beneficio.
Mas Dedezinho das Antas, como ele é conhecido por aqui, não
desiste nunca. Ele procurou e encontrou um advogado que pegasse sua causa e
entrou na justiça. Vive esperando um resultado.
Hoje pela manhã, 18, o encontrei sentado em um banco de
fronte de minha casa. Ele me viu e foi logo falando: “Ei, tu não quer comprar
perfumes, não? È do bom”. Pedi para olhar, e ele abriu uma sacola de plástico e
tirou algumas caixas com perfumes, de marcas desconhecidas, e mostrou o que ele
tinha.
Não tive interesse, não, pelos seus perfumes, mas quis saber
como ele estava e por onde andou, já que ele passou um tempo fora de Boa
Ventura, e se já tinha dado certo sua aposentadoria.
Ele me contou que depois que tentou varias vezes conseguir o
beneficio pelo INSS, e não conseguindo nada, resolveu dar uma volta no mundo. Primeiro
passou um tempo no sitio Mata de Oitis, em Diamante, na casa de um parente. Depois
foi para outra cidade, que naquela hora não lembrava o nome, e por último
passou um tempo em Natal, na casa de uma Irma dele.
“Voltei um dia desses aí pra cá, pra perto da família, e
agora tou vendendo perfumes de um homem aí”, contou. Mas antes de ir embora,
ele disse uma coisa boa: “assim que cheguei aqui, fui procurado por um oficial
de justiça, dizendo que o juiz vai marcar uma audiência sobre meu pedido de
aposentadoria”.
Há muito tempo conheço Dedezinho, e já o ajudei na época de
suas primeiras idas ao INSS. Fiz reportagens com ele para o folhadovali, e
parece que naquele tempo tudo para ele estava mais difícil. Desde menino foi um
homem da roça.
Ele trabalhava e adoeceu. Vendia também pão em uma bicicleta
pelos sítios, e começou a ter desmaios. Foi constatado epilepsia, e ficou em
casa por um bom tempo. O INSS disse que a enfermidade não lhe dava mais direito
ao beneficio. E aguarda decisão favorável da justiça, embora com muito atraso.
“Tou vendendo perfumes agora, porque não posso ficar parado,
né?, argumentou ele, que hoje mora com uma irmã no conjunto Arsênio Alves, bem
próximo a casa onde mora sua família. Seus filhos já estão maiores agora.
“ Tá certo, Dedezinho, boa sorte”, disse eu a ele, e eis que
agradeceu e continuo ladeira abaixo com seus perfumes na mão, oferecendo a
todos, por preços baratos. Vamos acompanhar o fim dessa história e ver de fato,
se ele vai receber uma noticia boa por parte da justiça favorável a sua
aposentadoria, já que do INSS ele foi atestado como um homem literalmente
preparado para o trabalho.
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