Depressão que mata aos poucos

Ilustração internet

      A vida é um dom de Deus.

      Ela nos é dada gratuitamente.

Devemos, portanto, zelar por ela diariamente, mesmo diante de inúmeras dificuldades que se apresenta à nossa frente.

   Infelizmente, no mundo atual, a vida perdeu o sentido para muitas pessoas. Aqui na nossa região, por exemplo, idosos e jovens tem tirado as suas próprias vidas, num ato extremo de perda de razão e de fé.

  Somente nos últimos oito meses, 13 pessoas se suicidaram na região, segundo dados publicados na Folhadovali.

   Até mesmo adolescentes, que não encontraram mais razão para se manterem vivos. Além dessas

pessoas que entraram nas estatísticas dos suicídios, outras tantas tentaram, mas não conseguiram se

matar.

  Lamentável essa situação, que merece mais estudos e cuidado por parte de familiares e autoridades de saúde pública dos municípios do Vale do Piancó. Uma política pública voltada ao assunto precisa urgentemente ser discutida e apresentada, através de propostas e ações, para amenizar o sofrimento de uma parte de nossa gente, que vem padecendo e precisa de um acompanhamento psicológico e até mesmo psiquiátrico, ou às vezes uma oportunidade na vida, para vislumbrar um rumo melhor.

   A  depressão talvez seja o elemento fundamental, somada a outros fatores, como a principal causa desses suicídios e tentativas. Quando ainda tratada e acompanhada cuidadosamente por

especialistas, a doença não toma caminhos tão nefastos a ponto de levar uma pessoa a cometer

uma atitude extrema de tirar a própria vida.

    Mas nem todas as pessoas são diagnosticadas e tratadas devidamente. A falta de recursos

financeiros e a falta de conhecimento de parentes próximos podem ser fundamentais para o

agravamento da enfermidade, que é tão perigosa como um câncer incurável.

    Claro que sempre houve casos de suicídios em nossa região, mas não de forma tão acentuada

como nos dias atuais. Causas desconhecidas em muitos casos foram motivos para o suicídio em

tempos remotos. Hoje em dia, no entanto, a eficiência da medicina tem proporcionado diagnóstico,

tratamento e cura para as doenças que afligem a humanidade, e a depressão não fica de fora.

    Temos nas cidades de Piancó e Itaporanga, os CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), e

que atende uma demanda significante de pessoas que precisam de um tratamento adequado, mas é a pouco. Faltam em nossos municípios equipes que possam trabalhar em cima dessa questão,

fazendo uma pesquisa de campo, buscando junto às famílias pessoas que estejam passando por

problemas emocionais e psicológicos para ajudar a curar esse mal do século.

    Creio que há dinheiro para isso, pois o Ministério da Saúde têm recursos para projetos que visem

melhorias da saúde mental. Basta querer. Desta forma, quem sabe não amenize tanto sofrimento de

tantas pessoas que, neste momento, estão precisando de uma ajuda.

    Esse significativo aumento de casos de suicídio no Vale e em todo o mundo pode ter vários

motivos, entre eles, como já falamos, a depressão. Mas o que leva uma pessoa a um ato extremo

de acabar com a própria vida? Por que no Japão, um país de gente rica, de tantos confortos e

bons empregos, as taxas de suicídios são as mais altas do universo? São muitas as interrogações e

poucas as respostas!

    Vivemos em um mundo com toda a comodidade possível, e com o avanço da tecnologia, que está ao nosso alcance. As coisas matérias estão mais próximas de todos, e de novo vem à questão: por que tanta angustia nas pessoas?

    Talvez tenhamos tudo o que é material e nos traga conforto, mas falta o essencial: talvez falte mais amor a nós mesmos e ao próximo, mais fraternidade, talvez falte olhar mais pra dentro da gente e sentir que Deus existe e gosta da gente, com todos os nossos defeitos possíveis.

   Ídolos têm aos montes e nós não cansamos de admirá-los, seja no futebol, na música, na televisão, mas falta o essencial, adorar a Deus de todo o coração e dá mais valor as coisas verdadeiras que nos façam mais humanos e dignos, como amor à família, aos amigos, valorizar as coisas simples como beijar uma criança, abraçar um idoso, festejar a vida de um jeito simples e amoroso.   Ídolos como o dinheiro ou outros seres humanos como nós, de carne e osso, não nos leva a lugar nenhum, a não ser o vazio da existência humana. 

     Não quero dizer aqui que as pessoas que tiraram suas próprias vidas foram induzidas pelo fracasso de descobrir que seus ídolos não eram nada perto da grandeza de Deus; talvez estejam por trás de suas atitudes outros motivos que não estes que foram mencionados, mas acrescentar que a vida é algo sem importância é desmerecer a melhor criação divina, embora os que atentem contra sua própria vida não estejam em seu estado psíquico normal.

     A depressão é um sinal claro que algo em nossa vida não vai bem. Há casos em que indivíduos

adquirem geneticamente a doença; mas a grande maioria adquire a enfermidade através de certas

atitudes, decepção por alguma coisa ou alguém, a solidão, tristeza, meio social que convive,

abandono e desprezo, excesso da bebida alcoólica, entre outros fatores. Ninguém está isento de

contrair essa doença:ricos, pobres, negros, brancos, famosos, anônimos, ateus, religiosos, etc.

    E entre algumas dicas para sanar este mal, além de tratamento e medicação, os bons hábitos se

tornam necessários como frequentar uma igreja e ficar mais perto do divino, viver em fraternidade,

não guardar rancor, praticar esportes, viver socialmente e, sobretudo, viver de bem, no trabalho,

no estudo, na comunidade e em casa. Desta forma, podemos observar uma mudança de vida nas

pessoas e, assim, tentar evitar que tantas vidas humanas sejam ceifadas por um ato impensado, que

uma vez praticado, não tem mais retorno.