Doença que acomete cerca de 3% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a psoríase é pouco conhecida e tem como um dos principais vilões o preconceito. Apesar de não ter cura, tem tratamento e, na Paraíba, o Centro de Referência é o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), onde atualmente cerca de 600 pessoas estão realizando o acompanhamento da doença. Visando a alertar acerca do seu diagnóstico, dos benefícios do seu tratamento e da necessidade de quebrar paradigmas, teve início ontem a Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase 2014.
De acordo com a médica dermatologista e coordenadora do Centro de Referência de Apoio e Tratamento da Psoríase na Paraíba, Esther Palitot, a psoríase é uma doença inflamatória crônica que acontece de forma reincidente e atinge todo o corpo, tendo como base o sistema imunológico. “A psoríase afeta a pele e as articulações, principalmente, sendo caracterizada por manchas vermelhas recobertas por escamas com predileção de áreas como couro cabeludo, cotovelo e joelhos”, explicou.
A psoríase é uma doença que surge principalmente antes dos 30 e após os 50 anos, mas em 15% dos casos pode aparecer ainda na infância. Segundo a médica dermatologista, o tipo de psoríase dependerá da localização e das características apresentadas pelas lesões. “Ela pode ser leve, moderada e grave, ocasionando desde manchas discretas até chegar a atingir grandes áreas do corpo”, complementou.
Conforme a médica dermatologista, as causas da doença são, em 30% dos casos, genéticas, podendo os sintomas serem acionados por estresse. “A doença é causada por uma formação genética e também pode ser manifestada por meio de alguns gatilhos em pessoas predispostas a ter a doença, um dos principais é o estresse”, explicou, acrescentando que outros pontos que podem ser associados à origem da doença são fatores psicológicos, estresse, exposição ao frio, uso de certos medicamentos e ingestão alcoólica, que, além de levar ao aparecimento dos sintomas ainda podem ser responsáveis por uma piora no quadro.
Após diagnosticado com psoríase, essa será uma doença que o paciente levará para o resto da vida, porém, de acordo com Esther Palitot, essa é uma doença não transmissível que, apesar de não ter cura, tem tratamento. “A psoríase pode atingir a pele e até as articulações, dependendo da gravidade. Apesar disso, e de não haver uma cura, há tratamento para a doença e, se feito de forma contínua e correta, pode acarretar em um desaparecimento total dos sintomas”, assegurou, complementando que a medicação prescrita poderá ser de via tópica – pomadas – ou via oral ou injetável, dependendo do caso.
Um grande problema para a vida de quem tem psoríase, ainda de acordo com a médica dermatologista, é a associação desta com outras doenças, o que retarda o diagnóstico e causa impactos na vida dos pacientes que são portadores da doença.
Em casos graves, que chegam a acometer todo o corpo, conforme a médica, há pessoas que se afastam da sociedade, inclusive se afastando dos seus trabalhos e se isolando em casa. “Quanto antes o diagnóstico, menor a proporção de comprometimento da parte articular, quando essa é acometida.
Então é importante buscar esse tratamento porque só por meio dele terá como ser dada qualidade de vida à população acometida pela doença”, disse.
Enfrentar o preconceito sempre foi algo que fez parte da história da aposentada Marilene Fontes. Ela tem 48 anos e descobriu que tinha psoríase há 20 anos. Segundo ela, essa é uma doença que ela tem desde cedo. “Eu era criança e sempre tinha marcas, descamações, isso pelo corpo todo. As pessoas sempre me olhavam com nojo, como se eu tivesse uma lepra ou algo que pudesse transmitir para elas. Sempre foi horrível conviver com isso”, lembrou.
Segundo a aposentada, que hoje é vice-presidente da Associação de Portadores de Psoríase da Paraíba, órgão fundado há 15 dias e que pretende trazer mais qualidade de vida para os portadores da doença no Estado, uma das piores coisas foi a demora no seu diagnóstico, que só veio aos 28 anos de idade. “Me tratavam como se eu tivesse uma micose ou outra coisa. Eu tenho desde criança a psoríase, mas ninguém sabia o que era. Antes era no corpo todo, mas agora com o tratamento eu tenho só nos pés e nas mãos. Arde, como se estivesse queimando. É horrível, mas hoje já vivo muito melhor com o tratamento”, afirmou.
Os sintomas da auxiliar de engenharia Glória Leite são ainda mais visíveis que os da aposentada Marilene Fontes. Ela tem marcas da psoríase evidentes no braço. Segundo ela, são marcas que vão e vêm, mesmo com o tratamento. Para ela, lidar com o preconceito é algo que é difícil porque ela é jovem e a sociedade exige uma boa aparência. “Eu tenho 28 anos hoje e, por ser jovem, eu vejo que estética influencia na sociedade em que vivemos. Eu descobri que tinha psoríase com 12, então antes era pior, hoje vejo que as pessoas estão ficando mais esclarecidas, mas, ainda assim, ainda enfrento preconceito”, declarou.
Segundo ela, algo difícil para o portador da doença é ter que controlar os sentimentos. Além do tratamento, que é feito à base de pomadas e medicamentos, o equilíbrio emocional é fundamental. “E isso não é só com coisas ruins, nós temos também que controlar a felicidade. Se estivermos alegres demais, também pode estourar os sintomas. A medicação que tomo hoje já ajuda bastante”, afirmou.
Jornal da Paraíba/OTHACYA LOPES
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