Este ano, nós sertanejos, até aqui estamos vivendo um inverno
irregular, com poucas chuvas, mas ainda animados com perspectivas de novas e
intensas chuvas ainda para este e o próximo mês vindouro. Ano passado, neste período
vivíamos um período de seca, com animais sendo dizimados e a redução eminente
de água em nossos mananciais.
Somente a partir do dia 19 de março, dia consagrado a São
José, começou a chover, e chover bem, animando a todos e mudando a vegetação,
além de tranquilizar a vida animal e a nossa também, através das enchentes nos
açudes, barragens, córregos e rios.
Mas hoje em dia está tudo mudado por essas bandas do sertão, alias
há bastante tempo às coisas vem mudando. Digo isso não somente com relação às
chuvas, que são esparsas e não vem mais com tanta intensidade como antes com os
efeitos dos raios e trovoes.
Faço referencias também ao nosso comportamento de sertanejo, da
nossa cultura, do nosso dia-a-dia e de nossa dinâmica no cotidiano nestas
terras onde só quem mora tem mesmo coragem de pisar os pés em qualquer lugar do
mundo. Aguentar um sol escaldante como esse nosso não é pra qualquer um, não.
E nesse contexto onde quero chegar, cito, por exemplo as idas e vidas do homem do campo, que pouco
se ver nos dias atuais com uma enxada nas costas andando pelas
ruas da cidade, como antigamente. Por onde andam eles?
Por que se não estão ainda preparando a terra, outras
atividades agrícolas precisam ser feitas. Mas eles não sumiram, continuam na
labuta, porém de forma diferente e em pequeno número. Antes se viam famílias inteiras
passando pra roça. E quando as mulheres não acompanhavam os esposos, às onze
horas o almoço era levado por elas em pequenas panelas amarradas com pano.
Os programas sociais, a aquisição de motos, enfim, a
modernidade fez com que tudo mudasse. Com os celulares nas mãos, será que as
moças de hoje levariam o almoço de seus pais na roça a pé e a quilômetros de
casa? Difícil.
Mas elas não têm culpa da boa vida que levam, mesmo nesse
sertão pobre, que até nesse aspecto mudou, pois vivemos uma pobreza relativa,
onde muita gente ainda compra de tudo, embora ainda exista pobreza ao extremo
por essas bandas, fruto principalmente das injustiças sociais.
Ninguém precisa se matar na roça pelo feijão e o arroz, se no
mercado eles estão embalados e de boa qualidade esperando os compradores. Pra que
pegar água nas cacimbas, se estas acabaram faz tempo com a chegada das barragens,
caixa dágua e água encanada dentro de casa?
O tempo não volta e nem pára, porém pode ensinar a olhar para
trás e tirar proveito dos sacrifícios de vida vividas naqueles tempos e
comparar com a realidade atual e agradecer a Deus por tudo, e assim, não
reclamar à toa da vida que leva. Reclamar pode, mas desde que seus direitos
estejam dentro dos limites da justiça do bem comum.
Aliás, sobre isso, a cultura do povo também mudou. Hoje em dia ninguém fica calado pela ação nefasta que atrapalha a vida em comunidade e pela omissão daquilo que serviria pelo e para o bem de todos.
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