Em toda comuna que se preze, os idosos são as pessoas que
devem ser mais respeitadas e ouvidas. Elas têm um baú de experiência acumulada e
já contribuíram e muito para que essa nova geração tenha uma vida mais cômoda. E
é por isso que o nosso blog sempre trás um resumo da historia de alguém que, de
certa forma, contribuiu para o bem da comunidade.
Dona Odete Alves Feitosa, mãe de Marivan, é a personagem da nossa história de hoje. Ela nunca
foi autoridade de nada, a não ser de seu lar; nunca teve emprego público e não
foi figura de destaque na sociedade de seu tempo. Pelo contrário, foi e
continua sendo uma mulher humilde e simples, mas que tem o nome honrado e é
querida pelos seus, exatamente por vencer as agruras de sua época com altivez,
coragem e fiel aos seus ideais.
Aos 87 anos de idade e lúcida, só se queixa das dores de
coluna, ela recebeu este editor na casa de sua filha, onde mora há alguns anos,
deitada em sua rede. E conversou muito, lembrando sempre do passado e dando
destaque a sua infância e mocidade.
Ela nasceu no sitio Contagem, entre Ibiara e Vazante, e ali ficou
até os vinte anos de idade, quando se casou com o senhor Francisco Pinto
Sobrinho, natural de Boa Ventura, do sitio Várzea da Cruz, e que era vendedor
de fumo. O casamento foi no queima e o casal teve nove filhos, mas somente
quatro sobreviveram.
Da sua infância lembra quando passaram no terreiro da casa de
seus pais, soldados da revolução de 1930, vindo não sabe de onde e também
partindo sem dizer o rumo. Estes, segundo ela, não fezeram muito medo não. No
entanto, lembra muito bem do dia que os boatos davam conta de que Lampião
estaria por perto. “Eu era muito
pequena, mas quando cresci mais, o povo dizia que a correria foi grande. Teve
gente que deixou tudo pra trás com medo do cangaceiro, que na verdade não pisou
os pés por lá”, recorda ela.
Quando casou veio morar no sitio do marido, depois foi parar
na comunidade Alto dos Caboclos, do outro lado do rio, e depois veio morar perto
da igreja, na cidade. “Mesmo morando na rua, eu ajudava meu marido na roça”,
diz.
E conversou muito, narrando muitos fatos vividos por ela. “Lembro
quando agente morava no sitio, seu Del Pinto tinha um engelho e num dia ele
perguntou se algum dos trabalhadores tinha muita fé em Deus. Eles disseram que
tinha. Seu Del pediu então que colocasse o dedo em uma tigela fervendo de
caldo, mas eles não tiveram coragem, aí ele pegou o dedo dele e botou, e todo
mundo ficou assustado ao ver seu Del tirar o dedo sem nada acontecer. O povo
ficou muito admirado com aquilo e todo mundo do sertão ficou sabendo”, conta
ela.
À dona Odete nossos agradecimentos por contribuir com nossa
página na internet, nossa admiração e respeito, além dos nossos agradecimentos
pela boa vontade de contar um pouco de sua história, tão simples, mas de muito
valor humano.
A mala quando ela deixou a casa dos pais e foi morar com o marido |
Aqui o milho era mais gostoso |
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