segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dona Odete e o medo de Lampião

    Em toda comuna que se preze, os idosos são as pessoas que devem ser mais respeitadas e ouvidas. Elas têm um baú de experiência acumulada e já contribuíram e muito para que essa nova geração tenha uma vida mais cômoda. E é por isso que o nosso blog sempre trás um resumo da historia de alguém que, de certa forma, contribuiu para o bem da comunidade.
   Dona Odete Alves Feitosa, mãe de Marivan, é a  personagem da nossa história de hoje. Ela nunca foi autoridade de nada, a não ser de seu lar; nunca teve emprego público e não foi figura de destaque na sociedade de seu tempo. Pelo contrário, foi e continua sendo uma mulher humilde e simples, mas que tem o nome honrado e é querida pelos seus, exatamente por vencer as agruras de sua época com altivez, coragem e fiel aos seus ideais.
    Aos 87 anos de idade e lúcida, só se queixa das dores de coluna, ela recebeu este editor na casa de sua filha, onde mora há alguns anos, deitada em sua rede. E conversou muito, lembrando sempre do passado e dando destaque a sua infância e mocidade.
    Ela nasceu no sitio Contagem, entre Ibiara e Vazante, e ali ficou até os vinte anos de idade, quando se casou com o senhor Francisco Pinto Sobrinho, natural de Boa Ventura, do sitio Várzea da Cruz, e que era vendedor de fumo. O casamento foi no queima e o casal teve nove filhos, mas somente quatro sobreviveram.
   Da sua infância lembra quando passaram no terreiro da casa de seus pais, soldados da revolução de 1930, vindo não sabe de onde e também partindo sem dizer o rumo. Estes, segundo ela, não fezeram muito medo não. No entanto, lembra muito bem do dia que os boatos davam conta de que Lampião estaria por perto.  “Eu era muito pequena, mas quando cresci mais, o povo dizia que a correria foi grande. Teve gente que deixou tudo pra trás com medo do cangaceiro, que na verdade não pisou os pés por lá”, recorda ela.
   Quando casou veio morar no sitio do marido, depois foi parar na comunidade Alto dos Caboclos, do outro lado do rio, e depois veio morar perto da igreja, na cidade. “Mesmo morando na rua, eu ajudava meu marido na roça”, diz.
    E conversou muito, narrando muitos fatos vividos por ela. “Lembro quando agente morava no sitio, seu Del Pinto tinha um engelho e num dia ele perguntou se algum dos trabalhadores tinha muita fé em Deus. Eles disseram que tinha. Seu Del pediu então que colocasse o dedo em uma tigela fervendo de caldo, mas eles não tiveram coragem, aí ele pegou o dedo dele e botou, e todo mundo ficou assustado ao ver seu Del tirar o dedo sem nada acontecer. O povo ficou muito admirado com aquilo e todo mundo do sertão ficou sabendo”, conta ela.
   À dona Odete nossos agradecimentos por contribuir com nossa página na internet, nossa admiração e respeito, além dos nossos agradecimentos pela boa vontade de contar um pouco de sua história, tão simples, mas de muito valor humano.



 
Pilão da casa de dona Odete

A mala quando ela deixou a casa dos pais e foi morar com o marido
Aqui o milho era mais gostoso

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