Passando pela velha casa de Pedro Arruda, em frente à praça
da igreja matriz, fitei os olhos em dona Diva Arruda, que segurando a trava de
uma das janelas estava a observar tudo que passava em sua frente. Ao me
aproximar da calçada, falei com ela, que educadamente me convidava a subir os
pequenos degraus da casa e sentar-se um pouco.
Aceitei de pronto o convite. E me perguntava como estava a
minha vida e da família, e outros assuntos foram surgindo no decorrer daquela
minha rara visita a ela. Morando sozinha na enorme casa, Diva Arruda também
começou a discorrer sobre sua vida, na medida em que minhas perguntas iam
surgindo.
Com uma visão privilegiada, sim, pois da porta e das janelas
da casa onde reside há vários anos, ela vislumbra um quadro real da natureza e
da ação humana. As plantas e decorações de duas praças, e o movimento de quem
passa por lá, além da visão da igreja, um dos cartões postais de Boa Ventura.
Com uma simpatia de quem um dia já foi professora de muitas
gerações vai falando da vida e de como saiu do sitio Caracol, em Serra Grande,
e veio morar em Boa Ventura, há muitos anos. Disse-me que morou na casa de
Claudio Arruda, em Itaporanga, quando foi fazer o ginasial, ou naquela época o
exame de admissão, no colégio padre Diniz.
Com a vitória de Claudio para prefeito de Boa Ventura, em
1962, foi admitida no estado, no quadro de professoras do colégio Sula
Cavalcanti, ao lado de Paula Cordeiro e Doralice Lopes. Aposentou-se alguns
anos atrás, mas ensinou muita gente que por aquele educandário passou.
Depois de alguns minutos de conversa, fez questão de me
mostrar a casa, que pertence à família Arruda, herdeiros de Pedro Arruda e dona
Sinhazinha, esta filha de major Sula.
Já conhecendo a velha casa, que um por muito tempo era a mais
importante do município, visto pertencer a uma família tradicional da política local,
ela me mostra o velho fogão de lenha, que ainda está preservado, como desejo do
ex-deputado Djaci Arruda, herdeiro da casa.
Mostrou-me os quartos, cozinha, salas e outros recintos,
dizendo-me que só feita a cobertura recentemente devido as intempéries da
natureza, que fez com que a madeira fosse trocada. Alias, em outra matéria deste
blog, mencionei a velha casa, por ser palco no passado de grandes comícios realizados
mesmo em frente, em um pátio que existia, onde foi substituído pelo calçamento.
Estava com sorte ao estar com a câmera digital no bolso e
aproveitar aquele momento para registrar através das lentes alguns detalhes que
me chamavam a atenção. E me falou de muitas outras coisas. “Até as portas eram
as mesmas”, me dizia. A casa começou a ser construída no século passado, e
serviu de quartel nos tempos da revolta de 30. Em tempo não muito remoto,
também foi a sede da prefeitura municipal.
Diva Arruda na sua formatura |
Muito proveitosa a minha visita a Diva Arruda, ela também gostou.
Somos amigos desde que cheguei por essas bandas. Educada e inteligente, a velha
professora se despediu de mim e voltou a olhar-me por uma das janelas do velho
casarão, falando pra eu voltar outras vezes.
Dona Sinharzinha |
Disse a ela que voltaria, sim, para que ela contasse mais
sobre sua vida. Ela sorriu e ficou grata por minha atenção. “Só falei da casa,
depois falo de mim”, disse em tom de brincadeira, e voltou seu olhar novamente
aquela paisagem que há tempo lhe serve como companheira.
Pedro Arruda |
Casa onde foi palco de encontros políticos no passado |
Diva e o fogão de lenha |
Diva Arruda uma das pessoas mais fina da nossa terra sempre elegante em suas conversas foi minha professora, deu sua comtribuição na educação de nossa cidade, tem sempre algo de bom em suas conversas.
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